Sobre a raça
O Cavalier é a raça certa para mim?
O Cavalier é uma raça extremamente dócil e carinhosa, não é um cão de um dono só. Gosta de todos os membros da família, crianças, idosos, e outros animais como gatos e aves domésticas (se for acostumado desde pequeno). Gosta inclusive de estranhos que encontra na rua, e pode fazer festa como se conhecesse a pessoa há anos! São submissos e fáceis de ensinar, adoram aprender coisas novas, adoram agradar o dono. São inteligentes e ágeis, ótimos para fazer agility.
Tem baixo nível de energia, isso significa que eles não precisam sair para passear frequentemente para “gastar energia” para não destruírem os móveis da casa. Isso não faz com que eles sejam parados, eles adoram brincar e acompanhar os donos em todas as suas atividades!
Nessa raça, o macho é mais carinhoso e mais fiel do que as fêmeas. Isso faz mais diferença para quem tem crianças pequenas, menores do que 6 anos de idade. O macho encara qualquer tipo de brincadeira, mesmo as mais desajeitadas, de crianças pequenas (claro que sob supervisão), as fêmeas são mais sensíveis, não vão morder de forma nenhuma, porém preferem acompanhar as crianças pequenas a uma distância segura (de cima do sofá, por exemplo).
Um ponto importante é que a raça não tem noção de perigo! Nenhuma noção! Eles são capazes de pular pelas janelas de apartamentos ou de ir para a rua bem na frente de um carro. Infelizmente os casos de atropelamento são muito frequentes nessa raça. Eles jamais devem sair à rua sem coleira. A falta de noção de perigo os torna também propensos a fugir, eles são muito curiosos e vão embora com a primeira pessoa que passar. Por isso não devem ter acesso livre à rua (cuidado especial deve ser tomado ao leva-los para casas de praia, sítios e fazendas não cercados).
Para ter um Cavalier precisa-se gostar de contato físico com o cão. Essa raça gosta de ficar o tempo todo no colo, no sofá, na cama do dono. Não é uma raça para quem não gosta de muito contato, quem prefere que o cão fique deitado no chão aos pés do dono. O Cavalier também não é uma raça para ficar do lado de fora da casa, no quintal, ele fica infeliz e extremamente ansioso. Ele pode sair para fazer as necessidades, mas logo pede para voltar e entrar em casa, “cavando” a porta insistentemente. Ele pode ficar sozinho alguns períodos em casa, simplesmente se acostuma e dorme na ausência do dono. O importante é “compensar” essa ausência dando bastante atenção ao cão quando se chega em casa e, se possível, permitindo que o cão durma no quarto.
O Cavalier é um cão muito sociável, apesar de se acostumar, não gosta da solidão. Para clientes que ficam o dia todo fora de casa, sugerimos a aquisição de dois cães. Os Cavaliers gostam de outras raças, mas preferem imensamente ter a companhia de outro Cavalier. Eles se dão muito bem aos pares ou trios, ou até mesmo em quartetos!
Mais sobre a raça
Assista aqui aos vídeos de nossa primeira série de vídeo sobre a raça:
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História da raça
Como indica seu nome, o Cavalier King Charles Spaniel deriva da linhagem dos spaniels. Os cães europeus pequenos provavelmente foram resultado do cruzamento de pequenos spaniels com raças orientais, como o Japanese Chin e talvez o Spaniel Tibetano. Eram frequentemente presentes nas obras de arte dos séculos XVI, XVII e XVIII.
No período dos Tudor (1485-1603), na Inglaterra, esses cães de colo, conhecidos como “Spaniels Consoladores”, serviam para aquecer o colo e os pés, e até como substitutos das bolsas de água quente para cólicas menstruais das mulheres do reino. Além disso, eles tinham a função vital de atrair para eles as pulgas dos humanos (o cão tem uma temperatura corpórea mais alta do que os humanos, por isso são preferidos pelas pulgas), já que não haviam produtos anti-pulga e as pulgas infestavam todas as casas independente da classe social! Os Toy Spaniels eram muito populares porque agradavam a todos os membros da família.
Mas foi no período dos Stuarts (1603-1714), que os cães receberam o título de “King Charles” no seu nome. Nesse período, o Rei Charles II era comumente visto sempre com 2 ou 3 Spaniels em seu colo. Ele se encantou de tal forma pelos Toy Spaniels que foi, inclusive, acusado de ignorar assuntos de Estado por causa dos seus cães. Ele escreveu e assinou um decreto permitindo que os cães frequentassem todos os lugares públicos, até mesmo o parlamento. Esse decreto é válido até os dias atuais na Inglaterra. Os cães ficaram tão associados a ele que acabaram conhecidos como “Spaniels do Rei Charles”. Após a sua morte, o Duque de Marlborough assumiu a causa da raça. O nome da cor castanho e branco, “Blenheim”, que era sua preferida, ganhou o nome de seu palácio. O King Charles spaniel continuou a enfeitar os lares de milionários por gerações, mas com o tempo esses Spaniels foram saindo de moda e sendo substituídos por cães de focinho mais curto como os Pugs. No começo de 1900, os poucos cães que lembravam a raça foram considerados inferiores. A cinofilia começou a ser desenvolvida e levada a sério na Inglaterra e isso trouxe uma nova moda: os Toys Spaniels com o focinho achatado, crânio arredondado e inserção baixa de orelhas, que ficaram conhecidos como “Charlies” (Atualmente chamado de English Toy Spaniel). Consequentemente, o tipo antigo visto nas gravuras do século XVI, com o focinho alongado, topo da cabeça reta e inserção alta das orelhas, ficou praticamente extinto.
Uma reviravolta do destino aconteceu quando um milionário americano, Roswell Eldridge, chegou à Inglaterra procurando reprodutores do tipo antigo dos King Charles e tudo que encontrou foram os cães de focinho achatado. Em 1926, ele ofereceu um prêmio em dinheiro, na maior exposição de cães da Inglaterra, a CRUFTS, durante 5 anos consecutivos, para os spaniels de “focinho mais longo”, aqueles que mais lembravam o tipo antigo. Criadores começaram a desenvolver juntos seus cães do tipo antigo na tentativa de ganhar o prêmio, e fazendo isso, muitos começaram a gostar dos cachorros. Infelizmente, Roswell Eldridge faleceu aos 70 anos de idade, em 1928, um mês antes da Crufts, onde foi apresentado um cão muito semelhante ao tipo antigo, chamado Ann’s Son, de propriedade de Miss Mostyn Walker, que ganhou o prêmio naquele ano. Então ele nunca pode conferir o resultados dos seus esforços para resgatar a raça. No mesmo ano foi fundado o primeiro clube da raça e o nome “Cavalier King Charles Spaniel” foi escolhido, em homenagem ao “rei cavaleiro”. Baseado na aparência de Ann’s Son, naquele ano, foi escrito o padrão da raça.
Ironicamente, os Cavaliers acabaram ultrapassando os colegas Charlies em popularidade, e se tornaram uma das mais queridas raças da Europa. Em 1945 a raça foi reconhecida no Kennel Clube Inglês como uma raça destinta do King Charles Spaniel. Eles levaram mais tempo pra pegar na América, e muitos criadores de cavaliers lutaram por seu reconhecimento no AKC (American Kennel Club), que aconteceu apenas em 1996.
By Édouard Manet - National Gallery of Art, Public Domain, Link